Jornalistas relatam dificuldades em cobertura política do Palácio do Planalto
- Renata Marins
- 10 de dez. de 2021
- 2 min de leitura
Atualizado: 14 de fev. de 2022
Por Renata Marins

Jornalistas de diferentes veículos têm tomado muito cuidado na cobertura política no Palácio do Planalto. A cobertura de Brasília tem sido muito tensa no mandato de Jair Bolsonaro por causa da má relação que o governo tem com a mídia. “A imprensa muitas vezes é vista quase como uma inimiga a ser combatida”, definiu Jussara Soares, repórter do jornal o Globo em Brasília.
Jussara conta que, muitas vezes, nem os repórteres setoristas do Planalto recebem a informação de maneira antecipada. “Por causa do mau relacionamento com a imprensa, a Secretaria de Comunicação do presidente muitas vezes não divulga a agenda do presidente com antecedência”, diz a repórter.
O Palácio é a sede do executivo brasileiro e o local de trabalho do Presidente da República. Com isso, os repórteres têm um contato mais direto com a figura do presidente e sua agenda de trabalho. A missão principal da cobertura no Palácio é cobrir o presidente, então é necessário estar atento a tudo que passa por ele.
Os repórteres que cobrem o local também sofrem com ataques verbais e, muitas vezes, físicos, de apoiadores do governo. “Muitas vezes eu e meus colegas fomos xingados, trabalhamos sob gritos, sob muito xingamento à imprensa, com ataques as empresas que trabalhamos e, muitas vezes, estimulados pelo próprio presidente”, relata Jussara.
Leonencio Nossa é jornalista do Estadão e foi setorista do Palácio do Planalto no início do primeiro mandato do Lula. Segundo ele, houve uma diferença muito grande na relação do presidente com a imprensa nos governos Lula, Dilma e Bolsonaro. Dilma era boa nas entrevistas, mas era uma mulher muito mais isolada e tinha dificuldade de confiar até nos assessores mais próximos. Por esse motivo, a informação ficou mais “fechada” naquele mandato. Já no governo Bolsonaro, a incitação ao ódio é mais direta e é diferente de todos os outros.
“O Palácio da Alvorada ficou uma área muito perigosa para atuação da imprensa por conta dessa militância, e às vezes o presidente começava a esbravejar contra a imprensa”, relata Leonencio. Isso acontecia com tanta frequência que diversos jornais decidiram tirar seus repórteres da porta da Alvorada, o que causou muita polêmica. Para alguns, a imprensa não poderia parar de exercer seu papel de fiscalizar e monitorar o governo. Por outro lado, foi abordada a questão da segurança física dos repórteres, pois as empresas não podiam dar essa garantia aos seus profissionais.
Para Jussara, em coberturas de manifestações, por exemplo, é necessário sempre preservar a segurança. “É um governo que tem tido muitas manifestações a favor do governo, então precisamos andar sem crachá, temos que evitar andar sozinho, trabalhar preservando a segurança”, diz ela.
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